Sessões de transe

O André formou um grupo, com o qual fazia sessões, de tempo em tempo.
Para estas noites convidava várias pessoas, as quais muitas regressavam a casa revigorizadas.
Então, o Alcar falava através dele, para os presentes.
Nunca fazia sessão sem que a sala estivesse cheia de flores, é que estava convicto que, embora elas não fossem tão bonitas como as do “Além”, isso impressionava bem os Espíritos que vinham até eles.
Também queimava incenso enquanto esperavam humildemente.
A seguir, também fazia muitas sessões de desenho e pintura, que eram lindas.
Nunca sabiam de antemão o que viria e ficavam curiosos aquilo que chegariam a ver.
Ele já tinha recebido peças lindas, apesar de nunca ter frequentado aulas de desenho e pintura.
Tudo acontecia sem ele presenciar conscientemente, ele era apenas a ferramenta.
Mesmo assim, haviam alguns que não se impressionavam com tudo isso; para estes, não tinha valor nenhum.
Para eles parecia normal e o que acontecia com ele, nem pensavam sobre isso.
Ele achava uma pena, porque gostaria muito que eles se aprofundassem mais, pensassem sobre isso, é que assim chegariam no caminho certo que os ligaria ao Além.
O seu espírito deixava o corpo, quando ele estava em transe e uma inteligência tomava o seu organismo.
Sobre isso, os Homens deveriam refletir, isso era algo especial.
Com isso ficava provado claramente que a morte não é a morte, mas que, aqueles que morrem aqui na Terra, prosseguem e até são capazes de fazer lindas peças de pintura e muito mais.
Olhavam as peças sim, mas logo esqueciam como foram formadas.
Isso era, porque não podiam ver atrás do véu, como ele.
Não podia então levá-los a mal e não queria ficar zangado com eles.
Ele precisava se manter acima de tudo, o Alcar tinha explicado, ninguém poderia atingí-lo nisso.
Para ele, tudo era sagrado, porque vinha do “Além”, e os seus dons tinha recebido de Deus.
O que as pessoas diziam não o prejudicava, por isso, toda a vez dava-lhes a oportunidade de participar de tudo.
Sim, era estranho; ele não possuía formação profissional e mesmo assim, precisavam reconhecer que eram obras de arte.
Ele achava os homens muito mundanos, sem sentimento algum para o trabalho espiritual.
Ele precisava ser cauteloso com estas pessoas.
Sempre se entregava com honestidade, porém, era mal entendido.
Muitos abusavam disso.
Era triste.
Os seus sentimentos internos, bonitos, nunca poder-se-iam expressar totalmente, tinha que fechá-los.
O Alcar disse que muitas pessoas usavam máscaras e não se davam com honestidade; com isso deveria tomar cuidado.
Ultimamente disseram que ele comprava as peças numa outra cidade.
Assim eram as pessoas.
Mesmo vendo acontecer com os seus próprios olhos, ainda havia entre eles os que não podiam ou não queriam acreditar.
Então, tentava convencê-los de outras maneiras, dando-lhes provas esplêndidas, mas, muitas vezes, todo o sacrifício era em vão e continuavam incrédulos os São Tomés, os coitados.
Quando ele recebia noticias e as passava tal e qual como o Alcar lhe dava, muitas vezes não ficavam contentes.
Esperavam outra coisa, geralmente algo material e o Alcar dava tudo do ponto de vista espiritual, o que não lhes agradava.
O que lhes era comunicado, para eles não era fácil; significava luta e não se atreviam a enfrentá-la.
Neste caso, eles mesmos resolviam o que fazer.
Pessoas assim, não havia como ajudar, nem aconselhar, porque não tinham coragem de ir pelo caminho espiritual.
O deles ia pela matéria; eles amavam a matéria, era mais fácil.
Era difícil para ele, ser amigo de todos eles.
Podia, sim, conseguir amigos suficientes, se ele fizesse o que eles queriam.
Mas, é que não podia fazer isso.
Sempre, os seus pensamentos deviam estar como o seu trabalho espiritual e com o Alcar e isso não era entendido.
Se os ouvisse, o tirariam do seu trabalho, para coisas fúteis e mundanas, com as quais se mantinham e que eram do interesse deles sim, mas não do dele.
Ele precisava seguir à risca o seu líder e só viver e trabalhar para os seus dons.
Ele queria se soltar o máximo possível da matéria e usar bem os anos que ainda passaria na Terra.
Cada dia, para ele, era valioso.
Nisso não pensavam e tampouco entendiam algo das coisas que são escondidas atrás do véu.
Também não compreendiam que ele não tinha recebido os seus dons à toa.
Quando ele falava sobre isso, tudo era levado a mal ou mal entendido, e diziam que era ele que não queria e então, esfriava a amizade, porque ele não fazia o que queriam.
Assim acabava sempre por estar sozinho e a vida para ele era pesada.
Mas havia um que o ajudava, o Alcar, o seu amigo a quem podia confiar, o seu líder e mestre em tudo.
O Alcar estava do lado dele e sempre o entendia.
O Alcar sabia como ele era interiormente, qual a intenção dele e como amava todas as pessoas.
Muitas vezes ele dizia: “se mantém firme, André, os Homens não querem entende-lo.
Também não se esforçam e tentarão puxá-lo para o lado deles.
Cuide disso, porque senão, você viverá por outros em vez de você mesmo viver.”
Muitas vezes havia dias sombrios, pelos quais ele custava passar, entrando em confronto com todos.
Então, refletia sobre estas situações e o Alcar precisava vir para fazê-lo passar por isso.
Naquela situação, conseguia penetrar nas pessoas.
Então, via através delas e sentia onde queriam chegar.
Nessas alturas tudo era triste para ele.
Oh, naqueles momentos ele passava momentos atormentados.
Assim, ele via e sentia exatamente como diversas pessoas eram más e desejava estar lá onde o Alcar estava.
Oh, se o Alcar não o animasse...
Mas nisso podia confiar.
As pessoas deviam poder ler no coração do outro, antes não havia jeito de acreditarem nele.
Tanta coisa ele já viu e experimentou.
Nunca tinham o suficiente, porque exigiam sempre mais, sempre.
Abertamente nunca ousavam enfrentá-lo
Isso acontecia sempre manhosamente, nas suas costas.
Quando não entendiam o trabalho espiritual, diziam que fantasiava e começavam a desconversar, não abertamente, mas atrás das máscaras, através das quais ninguém via.
Mesmo assim, ele via através deles, um por um.
Tão longe o Alcar tinha lhe desenvolvido, que podia ver e sentir isso.
Estas pessoas faziam tudo em silêncio e antes de perceber já havia levado uma mordida forte, que era tão acertada que parecia sangrar de dor.
Mesmo assim, ele precisava aguentar isso, o Alcar falou, é que eles não sabiam melhor.
Mas, agora podia aguentar isso, é que, vivia muito nas Esferas; estava sempre com os pensamentos lá.
A sua metade material continuava na Terra, mas o seu espírito estava lá, onde há sempre harmonia e felicidade.
Quando chegasse a altura de morrer, como ele estaria feliz na presença do Alcar..
Por isso deveria lutar por essa batalha.
Muitas vezes rezava para poder morrer, é que achava tão esplêndido poder ficar lá para sempre, onde agora ia apenas de vez em quando: na Esfera de felicidade onde sempre reinava a harmonia, com eles que estão na luz.
Ali, se pode dar a todos a sua opinião abertamente, sem que distorçam as suas palavras.
Quando uma promessa é feita, cumprem-na, ali tudo é honesto e verdadeiro.
Na Terra, os Homens contam tudo em segredo a qualquer um que queira ouvir.
Nas Esferas escuras isso também sucede, como Alcar disse, mas, se sabe de antemão e já se conta com isso.
Os Espíritos que lá vivem não são confiáveis, vivem na escuridão e na frieza.
Os que na Terra contam tudo “confidencialmente” a outros, veriam nas Esferas escuras como é manchada a sua confiança.
Na Terra não se pode ver através do outro, porque o corpo físico o impede, mas, uma vez chegado no Além e tendo se desfeito do invólucro físico, não é mais possível ao Espírito se esconder dos outros.
Nas Esferas mais altas existe uma grande confiança em tudo, visto que, se não possuísse esta confiança, não pertencer-se-ia aquele lugar e também não aguentaria, porque não teria a sua sintonização.
Também a luz que possuem naquelas Esferas, não poderiam suportar mais.
Todos ali são como um livro aberto, porque se lê nos pensamentos um do outro.
Vivem ali honestamente e corretamente, em plena harmonia.
Na Terra, isso parece não ser possível.
Todavia, é esse o nosso destino.
A matéria esconde todo o espiritual na Terra, portanto também as características boas do Homem.
E quando estas características forem reprimidas repetidamente, não ousam mais opinar abertamente ou honestamente.
E durante toda a vida terrena se precisa esconder os seus sentimentos interiores.
E isso é necessário para quê?
Por quê?
Porque senão seria contrariado por todos, sem ter sequer agido mal.
Isto só sucede devido ao ódio e inveja.
Quando ele atravessa com o olhar os homens, sorria algo dentro dele, o que lhe fazia bem, porque sabia, de antemão, onde pretendiam chegar.
Assim estaria preparado e proteger-se-ia contra más influências.
Ele nunca usava aquilo que obtinha deles por via telepática, senão poderia ficar ocupado dias a fio.
Deixava correr tudo, como se não soubesse de nada e satisfazia, se possível, os seus desejos.
Então, ele se sentia acima deles, enquanto eles julgavam que não sentia nada.
Mas, deixava-os à vontade, desde que não fossem longe demais.
Neste caso Alcar o avisaria a tempo; isso ele já sabia.
Certa vez, esteve com amigos numa cidade grande no estrangeiro, onde alguns anos atrás durante a guerra tinha havido lutas violentas.
Aos seus amigos isso não importava, mas ele não conseguia ser feliz ali.
Toda aquela miséria, toda aquela tristeza, todo o sofrimento e dor do passado neste local o pressionavam pesadamente.
Todo o ódio e a raiva que podia sentir da má influência, lhe fazia ficar abatido.
Era horrível nessa cidade e achou terrível que os milhares de homens aí não sentiam nada.
Estava extremamente infeliz; viu vaguear os soldados pelas ruas, não como Homens físicos, mas como Espíritos.
Eles ainda estavam lutando e não sabiam o que era parar, tanto que estavam possuídos pelo ódio.
Com os seus olhos espirituais viu toda essa miséria e por todos os meios se tentava abstrair de tudo sem êxito.
Era uma cidade linda, assim diziam, mas ele quase sufocava, embora ninguém percebesse.
Ele via claramente passar os soldados em diferentes uniformes, todos ferozes e descontrolados.
Era uma verdadeira guerra, tudo desenrolava-se para ele como realidade e ouvia gritar, “assassínio, assassínio” e insultar e blasfemar.
O que conseguiram com essa guerra?
Nada além de miséria sem igual.
Atiçavam Homem contra Homem.
Ai dos que têm culpa, pessoas tolas: a eles aguarda algo terrível.
Milhões de seres os aguardarão quando um dia transitarem para o Além.
Devem rezar muito mesmo quando ainda estiverem na Terra, para que Deus os proteja destes Demônios, embora eles pertençam aos mesmos.
São Demônios que os aguardam, porque eles lhes provocaram todo aquele sofrimento e toda aquela dor.
Para aqueles que têm esse crime na consciência ele sentia compaixão, porque não escapam do seu castigo e até lá não podem expiar do crime.
Todos aqueles pobres Espíritos ele viu nitidamente além do sangue que corria nas ruas e ainda grudava em tudo.
Mesmo assim, todos estavam alegres e parecia que nada os atrapalhava.
Ele sentia e via os derrotados; por outras palavras; tudo ainda não terminara, mas que continuavam a lutar.
Também mesmo agora, apesar de já terem abandonados os seus corpos físicos.
Era impossível observar isso com os olhos materiais.
Ele quis fugir, para longe dessa cidade má.
Ele não conseguia ser animado e alegre.
Os seus amigos acharam-no estranho e não entenderam porque estava tão triste, não se interessava por nada e não se divertia.
Isso doeu-lhe e se lamentava porque não queria proporcionar-lhes sofrimento algum, mas, não pôde lhes contar nada, porque tinha medo que lhe rissem na cara.
Oh, era um desespero.
E devia dizer o quê?
Todavia, eles não viam e perguntariam porque precisava pensar em toda aquela miséria.
Para eles, isso já passara há tempo.
Sim, já passou, pelo menos para os olhos físicos, mas ele precisava ver, sentir e vivenciar como aconteceu na realidade.
Assim era o mundo, assim ele observou, a guerra é uma maldição para a humanidade.
Não se pensava mais nas inúmeras vítimas, os ditos mortos que não estão mortos, mas que, de repente, eram expulsos do seu corpo físico, chegaram no Além com um choque e ali continuavam a lutar como Espíritos e não havia como domá-los.
Espiritualmente, o mundo regrediu por esta causa centenas de anos.
E então, as vítimas que ainda viviam na Terra, os feridos, os pobres, infelizes mutilados que estavam cegos ou não tinham mais braços ou pernas, eram evitados e ignorados na rua.
Muitos deles povoavam as ruas e ele viu que centenas de pessoas passavam por eles, sem dar-lhes coisa alguma.
Onde é que ficou o amor ao próximo?
Não podiam dispensar nada?
Eles não tinham nada?
Que dessem apenas alguns centavos.
Muitas ajudas pequenas ajudariam na sua sobrevivência.
Esses pobres Homens se tornaram inválidos na guerra.
Doeu-lhe e era impossível divertir-se no meio de tanta miséria, no meio de todas estas pessoas frias que não carregavam mais em si nem o mínimo de luz.
Ele foi até um coitado e deu-lhe todo o dinheiro que estava com ele. Ele nem sabia quanto é que tinha.
Podiam ter sido vinte, trinta francos ou mais.
Como este pobre soldado o olhou.
Não sabia o que lhe estava acontecendo.
André ouviu uma voz interior dizer que fez bem.
Achou esplêndido.
Foi o seu único prazer naquela cidade escura.
E quando foi adiante, o soldado ergeu as suas muletas como gesto de agradecimento.
“Coma bem, coma bastante hoje, você merece.” ele clamou ao pobre homem.
Brotaram lágrimas de alegria nos olhos do soldado, então não aguentou mais nenhum segundo perto dele e fugiu.
Mas, depois sentiu-se por um breve momento feliz pela felicidade do pobre soldado.
Em todo lugar havia essas pessoas pobres, mas ele não tinha mais nada para lhes dar.
Tinham rostos magros, onde se podia ler o sofrimento profundo e miséria.
Oh, ele não aguentava vê-los.
Como era possível sentar à frente da janela num restaurante e comer com gosto, enquanto no outro lado da rua, havia um pobre inválido.
Ele não conseguia, porque lhe veio um nó na garganta.
Todavia, muitos conseguiam e nem se apercebiam quem estava ali.
Também não se apercebiam que uma maldição entrava neles.
Ali estava o seu irmão, com quem lutaram juntos, mas que agora não tinha mais o que comer e precisava ficar na rua, na chuva e no vento, enquanto eles se regalavam com comida.
É esta a vida, assim é o Homem!
Ele escrevera para casa, contando que estava muito infeliz naquela cidade bonita, onde só viu miséria e tristeza.
Como poderia ali obter impressões novas e juntar forças, enquanto tudo blasfemava contra ele.
Isto ele combinara consigo mesmo: Enquanto vivesse na Terra, nunca mais retornaria aquela cidade.
Era notório que depois da sua partida e chegando um pouco fora da cidade, de repente, toda a tristeza sumiu.
Na natureza livre, fora daquela atmosfera escura, pôde respirar amplamente e aliviado, podia ser de novo alegre e feliz.
Assim, no Além, nas Esferas de luz, onde tudo significa harmonia e felicidade, é bem mais agradável do que na Terra escura.
A maioria dos Homens têm medo da morte, medo de morrer.
Mas, isso não é necessário, quando sabem como podem ser felizes nas Esferas e quando estiverem prontos para aparecer diante do Trono de Deus.
Porém, isso não penetra nos que procuram a sua felicidade nas coisas materiais cotidianos.
Eles não conseguem ver e não o aceitam como verdade, até que, um dia, também eles serão convencidos do valor duma vida mais elevada.
Então, terão uma visão totalmente diferente da vida terrena e outra opinião sobre os seus próximos.
O que já não foi dito!
A guerra passou e os inválidos que se viam, eram mendigos que faziam comédia.
Mas, o que ele viu não era comédia, porém, vidas trágicas e também não eram mendigos, mas pobres infelizes que injustamente eram considerados farinha do mesmo saco de gente má.
O Alcar contou-lhe que lhe mostrou toda aquela miséria, porque assim poderia compreender melhor ainda como os habitantes da Terra eram maus.
Para ele era preferível ficar no seu quarto, entre todas as peças de pintura que recebeu do “Além”.
Ali via as Esferas quando o Alcar o ligava e também à grande luz que nessa cidade não era mais perceptível.
Ali ele era feliz com o seu líder, como também na natureza livre, onde humores sombrios logo passavam.
Depois do seu retorno a casa, contou a muita gente o que viu, mas não acharam tão grave assim; isso ele já sabia de antemão.
Tampouco não acreditavam nem as outras verdades invisíveis, que ele contemplou e vivenciou.
O Alcar disse, que poderiam demorar séculos antes que esses Espíritos encontrassem sossego.
É o que a guerra traz consigo e quando esta chegar ao fim – para a Terra – não acham-na assim tão grave, porque não podem ou não ousam ver as consequências.
E esta guerra mal acabou e já pensam numa nova, que causará ainda mais desastre e perdição.
“Homem, torne-se mais sábio.
Para que serve tudo isso?
Decida você mesmo, para que é necessário matar os seus irmãos,” disse Alcar.
Os homens sentem materialmente e de outro modo não.
Estão materialmente sintonizados e adoram a matéria.
Toda a arte naquela cidade era linda, mas o mais bonito ali perde o seu valor quando lhe tiram a força espiritual.
Isso os Homens não querem entender e não enxergam também nem enxergam que o mundo está doente.
Não sentem nada disso e também não querem sentir.
Alcar disse que a Terra está doente e má e que os Homens estão espiritualmente doentes.
Isso ainda é pior, do que se estivessem sofrendo de uma das doenças mais temíveis.
Não há mais sentimento e nem luz dentro deles.
O André quase se asfixiava sob aquela influência má.
Não era a influência que os seus amigos espirituais levavam à Terra; esta era santa e pura.
Na Terra, ao contrário, tudo é despido de luz e calor e em todo o lado reinam paixões.
Onde ficou aquele amor verdadeiro, que Cristo, um dia, nos deu.
Não o conhecem mais, visto que, o que aparece é amor próprio.
Ele achou os Homens imprudentes; nem percebiam que muitas vezes brincam com o fogo santo de amor como se não fosse nada.
Mais tarde descobrirão que usaram imprudentemente o amor verdadeiro e disso sentirão muito sofrimento e se arrependerão.
Mas, não demorará muito para que se comece de novo a brincar do mesmo modo, e que em muitos aparece o coração a sangrar.
Tão cruéis são os Homens.
Não conseguia imaginar porque não se queiram entender melhor.
Não sabiam então que o amor é a maior criação de Deus e que eles próprios poderiam se sintonizar em toda a beleza que significa felicidade, se quisessem seguir o caminho que vai para cima?
Ele estremecia quando encontrava pessoas assim.
Para ele, o amor santo significava felicidade eterna.
Ele também se irritava quando vinham pessoas que queriam participar de sessões pela sensação ou para passar o tempo e não se aprofundavam no assunto.
Quando esses tinham assistido uma noite de pintura ou uma sessão, quando o Alcar falava através dele, logo se esqueciam de tudo novamente, porque não percebiam a santidade disso e não sentiam quanto apoio e felicidade lhes eram trazido.
Estas eram pessoas que, em qualquer lugar, estragavam tudo.
Mas para ele este trabalho era santo; ele e milhares lutavam para a grande causa: levar os Homens a se convencerem da veracidade de uma vida após a morte física.
O Alcar sempre o avisava sobre os que não querem crer nisso.
“Se cuide deles,” ele disse, por que representam perigo para o nosso trabalho.
Se feche para estes seres, eu ajudá-lo-ei com isso.
Você então poder-lhes-á responder, pelo nosso saber puro.
Nós vemos e conhecemos cada situação da alma.
Nós atravessamos o nosso olhar por todos.”
Ele tinha medo destas pessoas e por isso mantinha-as à distância.
Um dia destes, fez uma sessão linda de pintura e muitas estiveram presentes.
O Alcar lhe disse que precisava comprar uma tela grande, que seria destinada a um pintor alemão de cenas marítimas, que faleceu na guerra e agora desejava pintar através dele.
Ele comprou a tela (0,90 m por 1,50 m), tinta e outros utensílios e estava curioso para saber o que seria pintado naquela tela grande.
Estas sessões eram realizadas sempre à tarde, o que, porém não era necessário, visto que já fizera desenhos no escuro, que eram de traço magnífico.
Antes dele ser levado em transe, precisava rezar, a seguir tomava lugar diante do cavalete e aguardava as coisas que viriam.
As inteligências não deixavam que esperassem muito por elas e, dentro de alguns minutos, ele estava em transe; o seu espírito estava fora do corpo físico, que era tomado por um pintor espiritual.
Exatamente na hora combinada, naquela tarde, estavam presentes todos os convidados, entre eles encontravam-se dois pintores.
O pintor que se manifestava, montou uma peça com técnica miraculosa.
Todos os presentes achavam muito interessante, porque, como ambos os pintores disseram, uma técnica dessa, só podia ser própria de alguém que tinha feito, realmente, um estudo disso.
A peça ficou pronta em duas horas, era uma apresentação do mar com rochas e teve como título:” Junto à costa da Irlanda.”
Depois, o seu espírito retornou ao seu corpo.
Mas, depois de algum tempo, o Alcar levou-o novamente em transe e falou aos presentes, da seguinte maneira :
“Vocês vêem, meus queridos, que para nós, após a morte física é possível trabalhar na Terra.
Esta peça linda foi feita por um pintor Alemão, de nome Erich Wolff.
Este artista jovem, que faleceu na sua última guerra mundial, pintava, durante a sua vida terrena, junto à costa Escocesa e Irlandesa.
Muitos familiares os saúdam e Deus os abençoa.”
A sessão estava no fim.
Algum tempo depois, recebeu mais trabalhos deste pintor.
Um destes trabalhos era pintado, de modo muito especial, segundo a realidade.
Esta trabalho se chamou : “Junto à costa Escocesa.”
Um amigo dele recebeu o trabalho de presente do Alcar.
Este tinha feito um trabalho para Alcar, sem saber para que servia.
Isso tudo foi liderança.
Depois do Wolff acabar a pintura, ele lhe mostrou, em situação clarividente, como e onde navegavam os navios por aquela costa.
Quando levou o trabalho ao seu amigo, contou-lhe o que o pintor lhe participara, o que achou muito interessante.
Era um conjunto de rochas invulgar com dois longos picos que eram banhados pelo mar, visto durante uma noite de verão espetacular.
Quando o trabalho já estava pendurado na parede da casa do seu amigo, já há algum tempo, um cunhado dele, que, como maquinista estava trabalhando na navegação, voltou para casa e, entrando na casa dele, reconheceu imediatamente a costa Escocesa.
“Como é que obteve a costa Escocesa?” perguntou.
“Comprou este quadro na Inglaterra?”
Mas o amigo do André se limitou a rir e deixou-o falar.
“Nós navegamos,” contou o marinheiro, enquanto mostrava de que lado, “assim pela costa para alcançar a Holanda.
De longe estes picos já são visíveis e muitas vezes orientamo-nos por eles.
A bordo do barco dizemos então: “Os picos estão à vista.”
É notável a precisão da pintura, exatamente como é na realidade.”
Depois dele terminar a conversa, o amigo do André lhe contou que esta peça foi recebida por um médium que em primeiro lugar não sabia pintar se estivesse em circunstâncias normais, segundo, quando o fazia, não sabia, porque se encontrava em transe e, terceiro, nunca visitara nem viu a Escócia, a Irlanda ou a Inglaterra.
O marinheiro achou maravilhoso e ficou olhando a obra de pintura por um bom tempo.
Assim ficava provado que outra pessoa tinha feito o trabalho.
Que não foi ele, o André, mas outro que tinha feito uso do seu organismo.
O Wolff fez seis trabalhos grandes para ele, que eram todos lindos.
O André estava muito feliz com os seus dons e com todo o seu trabalho.
Por isso, também queria muito que as pessoas se aprofundassem.
Este trabalho era denominado por eles de trabalho do Demônio.
O Alcar, o Wolff e os outros espíritos eram Demônios?
Não?
Até agora os conhecia como espíritos de amor.
Ultimamente era lindo como o Alcar o protegia e como era cuidadoso com os seus dons.
O André sentia-se doente, apanhou um resfriado forte.
Mesmo assim fez o seu trabalho naquele dia, embora almejando ir para a cama.
À tarde teve febre alta e pensou em dormir logo, mas, para a sua grande consternação, perto das sete horas, teve notícias de Alcar que ele pretendia pintar.
Então disse a si mesmo: “Mas, em nome dos céus, estou doente”, mas logo de seguida ouviu o Alcar dizer a ele, pela segunda vez: “Cuide de estar pronto perto das oito horas, vamos pintar, André!”
Então parou de suspirar.
O que o Alcar desejava deveria ser bom.
Quando contou aos seus pais, acharam estranho e desaconselharam-no firmemente a satisfazer aquele desejo.
Como poderia pintar com um corpo doente?
Estava na dúvida, mas os seus pais, finalmente o persuadiram a recusá-lo e decidiu ir para a cama.
Mas o que ninguém contava, aconteceu.
De repente, ficou sob influência, entrou em transe e o Alcar falou através dele aos seus pais: “Vocês vêem, meus queridos, quando queremos, podemos tudo.
Eu mesmo pinto esta noite e só depois entenderão, porque, justo agora, tomo o seu corpo físico.”
Ele foi ao quarto do André, preparou tudo e começou a pintar.
De quinze para as oito até quase dez horas, o André continuou em transe e quando acordou sentiu imediatamente que a febre e a doença tinham sumido.
Achou esplêndido e correu para o pai e a mãe, para lhes contar o sucedido.
Um pouco depois o Alcar disse a ele:
“As flores que pintei não são assim tão bonitas.
Era o meu propósito curá-lo e isso consegui de todo.
Não pude fazer melhor do que lhe tomar o corpo.
Assim você vê, meu filho: sempre se dê, confie em mim sempre.
O seu corpo físico está sob a minha proteção.
Continuo a vigiá-lo.”
Aquela noite, André chorou de felicidade e gratidão, porque os Espíritos foram tão bons para ele e também os seus pais agradeceram ao Alcar, na sua oração, pela grande ajuda e pela prova linda que receberam dele.
Isso era amor puro e claro, amor de Espíritos de Esferas mais elevadas.
Quantas pessoas ele já pôde convencer com as provas que o Alcar lhes deu.
Não deveriam então vigiar esta causa santa, meticulosamente?
Não eram estes portanto Demônios Bons?
Não eram estes Demônios que amavam os Homens?
Faziam tudo para lhes dar provas para convencer-lhes de uma vida após a morte física.
O espiritualismo e tudo que ao mesmo esteja ligado, eram para ele uma causa sagrada.
Os que trabalham por trás do véu, sem procurar gratidão, querem fazer tudo para levar a felicidade e a verdade aos Homens.
Não deveriam então se ajoelhar humildemente e aceitar tudo em gratidão?
Todavia, eles querem ver os Homens felizes!
Não, não são Demônios, estes Espíritos de amor, apesar dos Homens na Terra os considerarem como tal mais de uma vez, na sua sabedoria ilusória.
Eles pensam que, com a sua sabedoria terrena, podem entender o espiritual e porém não é verdade.
Deveriam estar interiormente sintonizados em tudo, então poderiam sentir, porém se sentem materialmente demais.
A sabedoria terrena não é força espiritual e não tem nada a ver com isso.
Como se nós todos não fossemos iguais perante Deus!
Na Terra, um rei está espiritualmente sempre mais acima do que um marceneiro?
Não.
Mesmo assim, muitas vezes são desta opinião.
Ele já viu tantas vezes que Homens, dito grandes, que na Terra eram doutores, até teólogos manifestavam-se nas sessões, profundamente infelizes e pediam por ajuda.
Só então, entendiam que o espiritualismo é algo lindo.
Lá estavam eles então com todo o seu estudo e toda a sua sabedoria, porém não os adiantou nada espiritualmente.
É que não viveram de acordo.
Porém, também havia doutores que encontraram a luz e a felicidade no “Além”, mas, também viveram melhor na Terra; Não se esqueceram de Deus e foram bons para os outros.
Isso era o Bem que carregavam dentro deles, como Deus bem quis.
Esses não usavam máscaras, como outros, que um dia chegarão também no “Além”.
Ali caem as máscaras e ficarão nus, o seu poder então sumiu.
Mas, na Terra, são essas pessoas que estragam tudo e das quais o Alcar sempre o avisava.
Não achou isso tão terrível, mas quando o fazem sob o manto do espiritual, é muito pior e estão perdidos.
Eles então, levantavam uma parede espiritual para si e por trás dela, atiram flechas materiais que devem atingir um Homem honesto e simples.
São assim as suas máscaras para este mundo.
Assim vivem sob o manto de seres espirituais.
Para eles, tudo é passatempo.
Mas, para isso o trabalho espiritual é santo demais.
Os seus corações são e continuam frios para tudo e neles a beleza não aparece.
A centelha Divina com a qual poderiam estar sintonizadas nas Esferas mais altas e tudo o que é belo, não arde mais, mas aos poucos, é consumida e apagada como uma lamparina.
Devido a estas pessoas passou por muita luta e agora que alcançou mais longe e entendeu onde queriam chegar, brincava com eles, porque agora possuía força.
Agora o olhar dele atravessava todos.
Foi tão longe que o Alcar o levou e desenvolveu no seu sentimento espiritual.
É isso que estas pessoas não fazem, porque a toda hora, voltam para o seu mundo físico.
Todavia, o Alcar sempre se entregava, porque, a ninguém poderia faltar nada, porque aqueles que se davam honestamente também se aproximavam dele.
“Fique por cima de tudo,” disse Alcar, “para que o seu coração não esteja trancado para os bons.
Logo poderá sentir quando um coração aberto lhe vier ao encontro, porque esse coração lhe irradia.
Fique sempre pronto, mesmo se vier a maior luta para você, porque pela luta aprenderá.
Tenha confiança, estamos ao seu lado e continuamos sendo os seus ajudantes invisíveis.”
Assim, o Alcar falava muito com ele e isso fazia-lhe bem, porque, às vezes, era-lhe demais, e assim, quase não podia continuar, pelas preocupações e a tristeza.
Os Homens sempre queriam mais, até que tudo, finalmente, não tinha mais valor para eles.
O que iria acontecer agora à noite?
Talvez o carregassem por aí para depois jogá-lo em qualquer canto.
Mas ele estaria preparado, mesmo se abusassem demais dele.
O Alcar e os seus amigos nunca faziam isso.
Eles são de trato fino e puros nas suas respostas.
Nunca magoam ninguém e sempre seguem um só caminho, o caminho do amor.
Eles só têm a sua tarefa diante dos olhos: trabalhar para o espiritualismo.
Os Homens mal compreendem e não querem aprender com isso, mesmo recebendo as mais lindas lições.
Todavia, recebem-nas para o seu bem, para que se desenvolvam.
Não é através da sensação que poderão entrar em contato com os que morreram na Terra.
Isso não é o propósito do mundo espiritual.
A Humanidade precisa ir em frente, acima, no caminho a Deus.
Mas, chegando a meio do caminho, não conseguem progredir e regridem para lá onde a vida novamente lhes é mais fácil.
Isso não lhes custa nenhum esforço, vai por si mesmo.
Assim se arrastam, a vida é consumada e para eles não é nada mais do que uma vida de prazeres terrenos.
O seu humor sómbrio ainda não queria passar, mas numa situação emocional assim conseguia entender bem o sofrimento de Cristo.
Cristo tinha se entregue aos Homens.
Ele dava sempre mais e quando Ele não podia dar mais batiam Nele.
Cristo deixou e tudo tornou-se cada vez pior, porque queriam mais.
Queriam ter a Sua Carne e o Seu Sangue.
E só na altura em que Ele foi pregado à cruz, o povo viu Nele o verdadeiro filho de Deus.
Quando as nuvens racharam e apareceu a Luz de Deus, todos aqueles Homens viram que era Ele o Homem humilde que quis se entregar totalmente.
Cristo também era filho de um marceneiro, mas Ele tinha uma força muito maior do que ele.
Cristo fazia grandes milagres.
Cristo era o Grande Espírito.
Ele, André, fazia milagres em pequena escala.
Mesmo assim podia executar as mesmas tarefas e também curar doentes.
Mas, cegos não conseguia ele voltar a ver, como Cristo fazia, porque ele era apenas um homem imperfeito, um homem com muitas faltas.
Cristo era o Homem Perfeito, ele era o Filho de Deus, que tinha Se entregue totalmente para os Homens; mas, mesmo assim, O crucificaram.
Logo esqueceram aquele milagre grande e prosseguiram a pecar, cada vez mais.
Quando ele estava triste e sómbrio, conseguia sentir e entender tão bem o que este sofrimento deve ter sido para Cristo.
Cristo, o coração simples que foi torturado e flagelado pelos seus irmãos e irmãs.
Quando corria o Seu sangue, ainda não era o suficiente.
Assim são os Homens.
O Alcar lhe colocou Jesus como exemplo e disse:
“Não se preocupe e faça o seu trabalho, André.
Esteja preparado para tudo e tome Ele como exemplo, Quem sofreu por todos nós.
Você faz o mesmo trabalho, meu filho, mas tudo em pequena escala e não tente se comparar a Ele.
Esteja contente com esta felicidade e mantenha este caminho.”
Precisava aprender muito, isso ele sabia, sim e aprenderia enquanto ainda estivesse na Terra.
Uma vez sentiu a grande satisfação que Cristo deve ter sentido e por isso entendeu tudo melhor ainda.
Vieram lhe buscar por causa duma criança de nove meses, muito doente com febre alta, muito quieto ele estava no seu berço.
Como aconteceu, não sabia e não queria imaginar nada, mas quando chegou ao bercinho, disse aos pais: Agora lhes mostrarei como Cristo curava.”
Olharam-no estranhamente, mas nada diziam, para isso a situação era séria demais.
Ajoelhou-se e rezou intensamente, como sempre, quando precisava tratar dum doente.
Ele suplicou a Deus e a Cristo por ajuda e rezou: Dê aos Seus enviados a força para poder me ajudar com esse trabalho lindo.
Oh, Jesus, me ajude.
Em Seu nome quero curar este pequeno, como O Senhor fazia.”
De repente, nunca esquecerá este momento lindo, o seu braço foi erguido levemente e por uma força estranha, levado a cabeça da criança, enquanto um sentimento esplêndido de grande felicidade passava por ele.
Após alguns minutos o seu braço foi conduzido de volta e depois disso, o pequeno abriu os seus olhinhos, começou a rir, gritar e espernear e estava curado.
Os pais olharam-no cheios de admiração e brotaram lágrimas dos seus olhos.
Oh, que dia era esse!
Que grande milagre aconteceu!
O Alcar lhe disse: Pelo seu grande amor por Cristo e pelo nosso trabalho pôde fazer isso.”
Sentia-se como no Céu.
Nas suas orações sempre pedia ajuda, mas, entendia, que nem todo o doente podia ser curado imediatamente, é que para isso deveria ser igual a Cristo e isso não podia ser nem em milhares de anos.
Mas para ele era um mandamento sagrado estar sempre pronto para receber os fluxos mais elevados e passá-los aos doentes.
Ao colocar a sua mão na cabeça da criancinha, ela sarou.
Assim, durante a sua vida na Terra, Cristo também o fez.
Ele, André, agora não era flagelado, mas poderia ser fechado no presídio, porque não era médico e por isso, segundo as leis terrenas, inábil para exercer a medicina.
Cristo foi, há muitos séculos passados, o Homem Perfeito na Terra e não aparecerá mais um Cristo na Terra para sacrificar-se pela humanidade, porque, depois dessas centenas de anos, Jesus ainda não é entendido.
Assim ele continuou o dia todo a cogitar.
Não conseguia se livrar disso e estava cansado de tanto pensar.
Mas agora deveria chegar ao fim, porque os convidados já estavam lá dentro e logo a sessão começava.
O Alcar lhe daria força, sim, como sempre.
A sessão começou.
Primeiro com cruz e tábua eram recebidas muitas mensagens; para todos vinha alguma coisa e muitos entraram, novamente, em contato com membros da família e amigos que, temporariamente, perderam.
Assim eram revigorados espiritualmente e eram felizes, porque estiveram em contato com os seus entes queridos.
Como era lindo!
Quando esta parte da sessão terminou, houve um momento de sossego, depois o Alcar o levou em transe e com a sua voz clara dirigiu as seguintes palavras aos presentes:
“Boa noite, minhas irmãs e meus irmãos, hoje quero falar convosco sobre o relógio humano.”
“Posso ajudá-los e ajudá-los-ei.
Quero tanto ajudá-los, mas como é que eu faço?
Já, por muitas vezes, e repeti, eu lhes disse: quero ajudá-los, se Deus quiser.
Agora, ouçam cheios de atenção tudo o que lhes vou falar e que, na verdade, já lhes é conhecido há muito tempo.
Isso não quer dizerque, embora já saibam e pensem nisso as vezes, vocês Homens, com os seus pensamentos humanos, nem sempre ajam segundo essa sabedoria.
Tic-tac, sobe e desce, isso é o tempo.
É o pêndulo do relógio.
Ele vai tão regular: tic-tac, tic-tac, assim sem interrupção: tic-tac.
Vocês pensam que também a sua vida prosseguirá regularmente como o relógio que é dado corda pelo relojoeiro.
Mas, será que a vida de cada um se processa tão regular e constante?
Será que é para todos, esse tic-tac dos afazeres cotidianos, atividades ou ordens?
Ou há nisso uma tonalidade que não conseguem ouvir?
Não há nisso uma tonalidade que sentem, sim e que justamente separa vocês, Homens, daquele tic-tac cotidiano, monótono do relógio?
Não é justamente a centelha Divina em você que o distingue disso e que coloca você acima de tudo que é mecânico?
E não há naquela centelha Divina a Força Divina do amor?
Não é justamente isso que os Homens chamam de amor, digno de viver e digno de se ter vivenciado?
Isso não é o mais bonito, o mais rico e o mais Divino no Homem?
Todos aspiram por isso, desde criança; eu diria mais: a criança já antes de nascer, aspira por amor.
E aquele amor cresce e aquele amor torna-se mais bonito, torna-se mais forte e move montanhas.
Sem aquele amor a vida seria um deserto.
Os que conhecem o amor, são os felizes.
Os que conheceram o amor neles continuam a viver, e aqueles que não o conhecem são felizes quando interiormente sentem essa força grande, aquela grande força sagrada, a santidade daquilo que poderiam dar.
Entendem isso, amigos?
Sentem isso, amigos?
Que a sua vida poderia ser uma vida em pensamentos?
Quanto é que vocês poderiam dar?
O que estiver dentro de vocês, que seja o mais lindo e o mais santo, o mais santíssimo, para sempre.
Contei muita novidade esta noite?
Já não sabiam isso há muito tempo?
E, todavia, me questiono: será que não os ajudei, não os acordei um pouco, não apresentei um pouco, o imenso e o lindo que há numa pessoa e que os distingue da máquina?
E quando Deus, na Sua grande bondade, deixa que vocês sintam na sua vida terrena, este amor, tenha confiança então, meus amigos.
É a vontade de Deus, nunca se esqueçam disso, que reine um amor assim e que exista um laço de amor assim.
Poderia então, alguma vez, ser a vontade de Deus que um laço desses fosse rompido?
Não, digo a vocês.
Fiquem então cheios de confiança numa vida de amor santificado e deixem o relógio da vida tiquetaquear à vontade.
É a vontade de Deus.
Um dia chegará o tempo do fim de cada máquina, que ela esteja desgastada e gasta.
Então, o relógio da vida pára de tiquetaquear.
Não ouvem mais este tiquetaque e sentem falta disso.
Então, deixa um vazio para trás entre muitos e há uma grande tristeza em vocês por aquele amigo fiel, aquela alma fiel, de quem vocês gostavam tanto.
A alma fiel que o apoiava, que você apoiava, que o ajudava, que você ajudava, a quem você e quem lhe dava amor, sentem assim tanta falta aqui na Terra.
Neste momento, para vocês, chega o vazio, porque não acreditam no Além.
E quando este relógio não bate mais e não tiquetaqueia mais, lembrem então o muito amor que esta pessoa irradiava.
O muito amor que deu, mas também o muito amor que quis, mas não podia dar, porque, você Homem, com pensamentos humanos, não o entendia e não sentia o amor que ele lhe quis dar.
Você não viu as mãos que trouxeram, e que você sem pensar afastou.
Muito poderá ajudá-lo com a sua oração a Deus, na qual pede por perdão, porque não quis ver tanto amor.
Você pode pedir-Lhe em sua oração para deixar brilhar a Sua Luz sobre a alma, que lhe deu tanto amor, ou pretendia dar.
Você pode pedir perdão para os pecados dela, visto que cada pessoa peca, querendo ou não.
Um Homem peca porque é apenas um Homem.
E quando estiver tão longe que agrade a Deus, e também para você o pêndulo parar, podem então, também para você, haver muitos que emitam uma oração a Deus para o levar logo à Luz.
Confie em Deus, confie no amor de Deus e acredite no seu próprio amor.
Amém.”
Alcar terminou de falar e em silêncio se afastara.
Foi uma sessão maravilhosa e se sentiram em chão sagrado.
Todos estavam felizes.
Oh, aquela verdade linda, esplêndida, para, depois, poder viver sempre no Além!
A noite terminara.
Os convidados foram para as suas casas e pediram se, poderiam estar presentes novamente na próxima sessão, para mais uma vez poder escutar esta voz bonita, clara que falou com tanto amor a eles.
Alguns dias mais tarde, o Alcar anunciou que queria fazer uma sessão e então André convidou também outros, assim que o grupo ficou ainda maior do que antes.
Todos necessitavam o apoio espiritual e a força que lhes seriam entregues do “Além”.
O pai e a mãe também podiam ajudá-lo agora, visto que a profecia, que ele tinha passado ao seu pai se realizou, como Alcar lhe disse muito no início.
Muitos, também naquela noite, chegaram a ter contato com os seus entes queridos que já estavam no outro lado e uma prova que recebiam, era ainda mais convincente que a outra.
Tudo testemunhava verdade e amor.
Sobre isso poderiam construir, isso era um saber puro.
Era esplêndido.
Os mortos não foram chamados, mas eles chegaram por si e falaram com os que ficaram para trás.
Aqui, não precisavam duvidar mais: sabiam que os mortos estavam vivos.
Eles davam aulas soberbas, que eram livres de amor próprio ou egoísmo.
Tudo acontecia de modo puro e limpo.
Isso trouxeram os que passaram antes deles.
E assim, não só os que ainda viviam na Terra podiam estar felizes, mas também os que já estavam no outro lado, porque Deus lhes permitiu levar esta felicidade aos seus entes queridos que, em sofrimento e dor, ficaram para trás na Terra, para os quais Ele entregou a força e o contato.
Os amigos no Além estavam felizes, porque podiam clamar: “Não estamos mortos, vivemos.
Não chorem, chegamos até vocês e os ajudamos.
Nós enxergamos através da matéria e podemos conduzir os seus caminhos por todos os pântanos.
Enxergamos o perigo, porque somos desfeitos da matéria grossa.
Agora estamos subtis e vivemos na Luz.
Esta é a força que recebemos, aqui na eternidade de Deus.
Não fechem os seus ouvidos, estamos com vocês e queremos ajudá-los.
Não nos procurem tão longe, estamos perto.
Não nos procurem no sepulcro, estamos ao seu lado e vivemos.”
O André já ouviu estas palavras tantas vezes, mas sempre de novo, soava a ele e a todos os outros, como música refinada nos ouvidos: “nós não estamos mortos, nós vivemos”.
Primeiro, os dados foram recebidos novamente através da cruz e depois o Alcar falou assim aos presentes:
“Aqui estou eu novamente.
Boa noite, meus amigos e amigas, irmãs e irmãos.
Hoje à noite eu queria lhes falar de Fé, Esperança e Amor.
Um dia estaremos juntos para sempre.
Lembrem-se destas palavras, agora que ainda vivem na Terra.
É tão bom chegar a vocês, para levá-los à luz do “Além”, a luz que Deus nos dá.
O amor de Deus!
E por que é tão bom poder estar aqui?
Porque entre vocês reina harmonia; um fundir de alma com alma, o que é tão necessário.
É que aquela harmonia cria uma Esfera que é sagrada e linda, como é encontrada apenas em poucas pessoas.
E, por isso, sou tão grato porque posso estar entre vocês.
Entendam-me bem, quando digo: posso.
Porque não é a minha vontade, mas é a vontade santa de Deus que eu estou cumprindo.
E sou grato que posso cumpri-la.
É tão soberbo estar entre vocês, é que sinto todos os raios emitidos por vocês e isso me dá confiança de que aqui nunca acontecerá algo diferente, a não ser o Bem.
De todos sai algo de bom, porque sabem e querem o Bem.
Porque estão cheios de desejo de fazer o elevado e de só querer o elevado.
E embora não percebam de imediato, embora vocês mesmos ainda não saibam, eu lhes digo com prazer, porque isso talvez possa ser um incentivo para vocês, para continuarem nesse caminho, o que os fortificará e os edificará.
Todos necessitam de apoio na sua vida e sei que uma palavrinha assim lhe fará bem.
Ali, olhem todos para cima.”
O Alcar indicou com o seu braço direito para cima.
“Ali vêem a Fé, a Esperança e o Amor e, do último, verão mais, este é o Amor e este é lindo.
Oh, ele é tão lindo.
Creiam nisso e ajam de acordo, é que sem a fé no Além, sem a esperança no melhor e sem o amor que cria um laço, a vida seria uma desolação.
Aquelas três palavras, Fé, Esperança e Amor, lhes dão uma visão na graça Divina.
Se Deus lhes dá Fé, Esperança e Amor, então, isso é mais do que um Homem merece.
E se não possuía isso, seria suportável carregar a vida?
Não cressem em Deus, se não cressem e não confiassem que Ele nos dá tudo, não seria, então, profundamente triste a vida aqui na Terra?
Ela é tão linda, tão santa, aquela Trindade, e representa tudo para a alma humana.
Ela é tão grande, tão pura.
É mais do que você pode apreender.
Mas, mesmo que você tome de tudo isso só uma parte pequena e mesmo que você tenha só um pouquinho de fé, um pouco de esperança e uma faísca de amor, você já toma e pega algo dessa clareza infinita, daquela tamanha beleza, daquela divindade.
E você Homem, deve cuidar para que isso cresça, aumente, e se torne mais forte e mais bonito; para que em você viva uma nuvem de fé, uma nuvem de esperança e que deixe brilhar um sol de amor de brilho azulado.
Assim, vocês têm uma radiação etérea à sua volta.
Assim, sai algo tão lindo, tão soberbo de vocês e Deus vê os seus filhos como Ele quer muito vê-los.
Creiam, esperem e amem, Deus os abençoará.
E, então, poderão clamar a Deus, se ajoelhar em humildade grata diante Dele e poder Lhe agradecer pelo bonito, santo e Divino, que Ele levou às suas vidas.
Isso então é a maravilha da vida, isso é a Luz Divina.
Mas, infelizmente, há tantos ainda que não vêem aquela Luz ou não querem ver.
E quando, então, vocês mesmos carregam a Fé, a Esperança e o Amor em si e não a encontram no seu caminho, fica tão difícil, tão pesado, tão seco; então estão como perdidos.
Encontram arbustres silvestres em qualquer lugar, crescendo sobre aquele caminho e precisam abrir com as mãos os arbustos, se quiseram encontrar o caminho certo.
Assim, estas mãos sangram e precisam arrancar os espinhos da carne, porque doem tanto.
O caminho é difícil.
Mas, em você mesmo, precisam crescer a Fé, a Esperança e o Amor e precisa se dar conta que você pode abrir aqueles arbustos silvestres Deus, porque assim encontrará o caminho ao lindo, ao elevado e ao sagrado.
Vocês precisam confiar que poderão encontrar aquele caminho e vão acabar por encontrá-lo.
Confiem, confiem sempre.
Tenham fé em vocês mesmos, tenham esperança no melhor e deixem florir em vocês o amor.
Lutar é bom, amigos, lutar os fortificará, mas, a luta precisa levá-los ao elevado, à Trindade: Fé, Esperança e Amor.
Você precisa lutar até alcançar este objetivo.
Um dia vencerá.
Mas até quando quiser evitar as dificuldades no seu caminho, a sua luta será mais difícil e o seu caminho mais pesado.
Então, não haverão só espinhos de silvestres em seu caminho, mas tudo que tem espinhos crescerá ali, como montanhas altas.
E não passarão, antes de curvarem-se diante da vontade de Deus, ajoelharem-se em humildade e dizerem: “Deus, perdoa-me, eu errei.”
E quando elevarem o seu olhar e longe virem as cores cintilantes, onde está escrito “Fé, Esperança e Amor” então, para vocês, terão sumido todos os espinhos e o caminho será plano, brilhante e como um caminho de luz, aberto.
E assim irão de encontro à luz, com os braços abertos e serão gratos por tê-lo alcançado.
Tenham fé, tenham esperança e conheçam o amor.
Conheçam o amor ao próximo, conheçam o amor a todas as criaturas de Deus, conheçam o amor aos que partiram.
Conheçam o amor a Deus e conheçam o amor para quem não os entendem.
O seu caminho não é sempre fácil, mas com a ajuda de Deus, com a Fé, a Esperança e o Amor, que Ele colocar no seu coração, virão à Luz.
Confiem nisso, confiem nisso sempre.
É tão esplêndido estar em seu meio e poder dar tudo isso; poder lhes dizer o que há no coração, encontrar um ouvido que ouve, um ânimo que entende e uma alma que procura o elevado.
Que as minha palavras que são tão simples, mas que querem dizer tanto, possam colocar um pouquinho da força Onipotente de Deus nos seus corações.
Que todos vocês possam, em momentos difíceis, terem fé, esperança e viver no amor de Deus.
Que Deus os abençoe!
Amém.”
A sessão acabou e todos em silêncio e voltados em si, regressaram a casa.
Outra vez um enviado de Deus falou a eles e sentiam-se vigorizados, tanto espiritualmente como fisicamente, é que as palavras de Alcar lhes dava sossego benéfico e força santa para o espírito.
Esta era a influência do “Além”, que era trazida pelos “mortos”.
Todos receberam provas do seu prosseguimento e estavam, então, convencidos que a morte não é a morte.
Sentiam a santidade e a pureza dessas noites lindas.
“Seguirão mais noites assim, André,” disse Alcar, “e continuaremos a trazer força do Além, aos Homens.
Se mantém firme e reze a Deus que sempre poderemos receber aquela força para entregar à humanidade através de você.
Agradeço-lhe, meu filho.
Agora partirei.”
O Alcar parou de falar, mas mesmo assim, o André sentiu ele ao seu lado, o que sempre, será assim, enquanto ainda estiver na Terra.
Ele também sempre suplicará a Deus por isso, para que possa ficar com o Alcar, porque o seu trabalho lhe é sagrado e querido.