O homem pondera, mas Deus dispõe

Já há muito que o André casou e, nesse momento, a sua esposa estava grávida.
Passaram-se anos de espera pela felicidade que teimava chegar e agora se alegrava que uma vida nova que lhe seria dada.
Rezava dia e noite que Deus colocasse sabedoria, força e amor no ser.
Oh, ele gostava tanto de crianças.
Numa vida nova lia-se como num livro aberto e sentia-se a situação de alma do ser.
Ele poderia indicar à mãe várias passagens sentimentais, pelos quais poderia conhecer a sua criança.
Porém, não ousava se ligar a crianças, porque a mãe não queria que outros se metessem com o seu amor.
Se pudesse receber esta grande felicidade, em silêncio influiria o seu filho e faria sentir o seu amor.
Justo pela concentração de pensamento ligar-se-ia com o filho pelo que, ao mesmo tempo, desenvolver-se-ia em espírito.
Mas quando, interiormente, estava refletindo sobre todas estas coisas, nele sentia subir algo que perturbava a sua felicidade.
Era estranho, este sentimento o impedia de ser feliz com o que, mais tarde, aconteceria.
Tornou-se cada vez mais forte, da maneira que quase não ousava mais pensar no seu filho.
Quando a sua mulher falava disso o que, todavia, diariamente era necessário, passava nele um tremor frio de que não conseguiu encontrar o significado.
Nestas horas fazia consigo mesmo longas conversas, se questionava porque não podia ser feliz e tentava solucionar o enigma.
Quando tocava nas roupinhas, era como se o seu coração batesse mais rápido e tirava-o o fôlego.
Havia algo em volta das roupinhas o que sentia claramente.
Mas o quê?
Desde já algo segurava-o para almejar a grande felicidade de que a vida nova lhe trazia.
Assim passavam-se alguns meses.
Quando não se falavam sobre isso, também nele havia calma e sossego, mas quando a sua mulher começava a falar sobre a sua posse, sentia o seu medo voltar o que o deixava desorientado.
Ele não deixou ela perceber, queria ele mesmo resolver isso.
Será que esta criança ser-lhe-ia dada, ou aconteceria uma ou outra coisa que lhe fosse negada esta felicidade?
Quando queria perguntar ao seu líder, não obtinha resposta e sentia que o Alcar não queria falar sobre isso.
Eu aprofundo-me demais nos meus sentimentos, pensou então, é que tudo está em ordem.
A sua mulher se sentia saudável e ele precisava afastar aquele pensamento de medo.
Então a felicidade retornava a ele e pensava em muitas coisas bonitas.
Como era uma felicidade grande poder receber algo assim!
Mas depois de alguns dias era a mesma coisa.
Sentia duas forças dentro dele: sofrimento e felicidade.
O sofrimento tentava expulsar a felicidade e, às vezes, o sofrimento sucumbia.
Mas então retornava e acabava com o seu sossego, da maneira que nada sobrava de todas as suas maravilhas e começava novamente o seu sofrimento.
Muitas vezes refletia quem venceria esta batalha, porque significaria algo, disso estava seguro.
Fazia o Alcar o sentir que algo aconteceria?
Deveriam eles ceder a felicidade pelo que ansiavam anos a fio?
Não era para eles?
Mas um pouco depois jogava este pensamento para longe e não queria mais acreditar nisso.
Ele queria manter esta vida nova e assim se questionava e as respondia segundo o seu sentimento para querer possuir a criança.
Ele sondava o sentimento da sua mulher, mas não havia nada na sua situação sobre o que precisava se preocupar.
Dia após dia ela trabalhava e nunca se sentira tão bem.
De repente, o Alcar disse-lhe que precisava começar o seu segundo livro.
Oh, isso era maravilhoso, assim não precisava pensar tanto no seu próprio medo que parecia não querer sumir.
Ele se preparou e aguardou pelas coisas que viessem.
Já sabia que escreveria sobre todas as situações em espírito vivenciadas na Terra.
Entre elas havia as muitas curas na Terra que ele pôde realizar pelo Alcar, dos quais algumas eram muito curiosas.
Ele pegou em papel de carta e, alguns dias antes de Alcar começar, já via todo o trabalho diante dele e sabia como os capítulos se sucederiam.
Nada se perdeu de tudo que pôde vivenciar.
Uma vez que estivesse ligado, escreveria um capítulo a seguir ao outro.
Às vezes escrevia de seguida cem folhas de papel e não sabia como parar.
Cansaço ele não sentia, porque se encontrava numa sintonização especial.
Em algumas semanas, todo o trabalho ficaria pronto.
A mediunidade de escrita era um dom maravilhoso.
Todos os outros dons que possuía, ficavam parados e quando precisava, poderiam ser postos a funcionar.
Quando escrevia não sentia mais nada da vida terrena e vivia num outro mundo.
Às vezes ficava semanas seguidas nesta sintonização.
Não podia demorar mais do que isso, porque custava-lhe demais em esforço físico.
Às vezes vivenciava situações curiosas.
Um dia, de manhã saiu de casa para visitar os seus pacientes.
Ele ia à pé e de bonde (Port. eléctrico), ajudava os seus homens e quando à tarde estava no seu quarto, de repente, acordou assustado.
Não conseguiu nem se lembrar se era de tarde ou de noite.
Oh, deixei-me dormir pensou e correu para a sua mulher para lhe perguntar porque ela esquecera de chamá-lo.
Aos poucos então voltava nele a sua consciência terrena e o Alcar lhe mostrava que terminara bem o seu trabalho.
Assim tão fundo ele descera na sua vida espiritual.
Numa outra vez sua esposinha convidara ele para passear com ela.
Na hora parou e andou com ela na natureza maravilhosa.
Uma hora ficaram fora e quando chegava a casa sentiu-se logo levado para a sua situação de escrever.
Quando uma hora mais tarde a mulher veio junto dele, perguntou a ela como estava o tempo, porque se sentia tão frio e infeliz.
Do seu passeio não se lembrava nada todavia falou com ela sobre várias coisas.
“É estranho,” disse ela.
Quando então ia conferir o que já escrevera, ele via que tinha escrito sobre as regiões escuras, ali onde viviam os espíritos infelizes que se esqueceram na Terra.
Durante o escrever puxava para si estas influências que estavam ligadas a elas.
Um dia aconteceu que escrevendo, ouviu dizer: Tocaram à campainha André e não há ninguém em casa, porque a sua esposa saiu.
Ele se arrastou à porta e a abriu por dentro com a chave.
Diante dele estava um desconhecido a quem ele perguntou o que queria.
Porém, era a sua esposa que saira sem chave; ela passou por ele calmamente, percebendo que ele estava novamente num outro mundo.
O André se lembrava depois de mais nada.
Todavia, sentia em tudo que era vigiado, conseguia se entregar docilmente e sabia que o Alcar cuidava dele.
Por isso estava alegre, agora não podia pensar no seu medo.
Um capítulo seguia o outro até chegar a algo que fazia voltar o seu medo.
Ele começou no Céu e no Inferno e ali havia uma passagem sobre a clarividência da mãe.
O curioso era que já falou sobre isso com a sua esposa, porque também, na sua situação, ela possuía clarividência.
Mas, pensou, porque escrevo agora justamente sobre isso, enquanto ela se encontra nesta situação?
Será coincidência?
Teria algum significado?
Ele leu a passagem umas dêz vezes e com isso sentira o seu medo voltar.
O Alcar contou naquele capítulo às mães que elas reveriam os pequeninos quando passassem.
Ele apoiava as mães no seu sofrimento profundo, mas ao mesmo tempo tentava esclarecê-las que precisavam de sintonização para isso se quisessem rever seus pequeninos.
Foi terrível, a sua alma ardia.
Ele resistiu com violência, mas não recuava.
Escrevo o meu próprio sofrimento e dor, pensou, a minha esposa será a primeira que o Alcar quer apoiar.
Não seria possível?
Pensou muito tempo, então tomou a decisão terrível para não escrever mais e rasgou o capítulo.
Ele julgava ficar louco.
Se não o tivesse vivenciado, teria pensado que estava sob más influências.
Mas pôde participar de tudo pela saída de corpo e agora não duvidava mais disso.
Todavia, recusou decididamente.
O André estava rebelde!
Assim nunca esteve antes e não reconhecia-se a si próprio.
Rezou intensamente a Deus para afastar esse cálice.
A semana toda andou com isso e se sentiu livrado do medo.
Mesmo assim, roía algo no seu interior.
Oh, era tão difícil.
O que ergueu em muitos anos ele estava ao ponto de destruir.
O mais sagrado quebrou ao meio, a sua ligação com Alcar.
Ele, que quis dar a sua vida pelo Além, negava trabalhar para ele.
Não era terrível?
Ele se via nas esferas e sentiu o grande momento passar quando ia deixar a casa do Alcar.
Ele viu-se ajoelhar diante do seu líder e ouviu dizer a si mesmo: “Não tenho muito a contar mas quero lhe dizer alguma coisa antes de sair daqui”.
Ele não ousou pensar nisso, tremeu das suas próprias palavras.
Ele prometeu ao Alcar que não lhe causaria dificuldades e o que estava fazendo agora?
Ele, o instrumento do Alcar recusava.
Não, não dava para acreditar.
Em silêncio procurou lápis e papel, deixou tudo pronto e esperava se o seu líder iria começar.
Ele precisava da sua ajuda, porque sozinho não chegava a lado algum.
Se precisava escrever sozinho estontear-lhe-ia para manter separadas todas as situações psíquicas e discernir as sintonizações espirituais que vivenciou.
Nesse momento, o seu medo se tornou ainda maior, era o medo de perder o seu líder.
Não dormiu várias noites e, interiormente, pedia por perdão, muito intensamente, para poder recomeçar.
Numa tarde, sentiu que o Alcar queria escrever e sem lhe falar qualquer coisa, ele prosseguiu.
Logo terminou o capítulo e era mais bonito que da primeira vez.
Depois chegaram outras situações e desceu ao Inferno para assentá-lo em todos os seus horrores.
Novamente se sentira um com aqueles que ali viviam.
As influências deles eram tão intensas que até atuava no seu corpo material durante o escrever.
Quando também ficou pronto com isso e a sua esposa que estava sentada ao seu lado olhou de repente e exclamou admirada: Como você parece velho!
Você parece ter sessenta anos.”
Ele explicou a ela como isso foi possível e tentou se livrar disso o que conseguiu completamente.
Tão sensível era que agora que vivia no seu corpo material, estas forças ainda tinham influência sobre o seu corpo.
Então retirava-se aos poucos na sua vida material consciente e sentia-se ficar livre.
Quando estava com o Alcar nas esferas escuras ele conheceu as suas vidas e sentiu as suas forças.
Várias vezes o assaltaram.
Agora estava feliz que também isso passou.
Depois das esferas escuras começou nas superiores e voltou a sentir medo.
Era o capítulo em que o Alcar lhe mostrou a Esfera Infantil e de novo falou às mães que ficaram para trás para apoiá-las.
O seu medo aumentou quando o Alcar lhe falou para parar por enquanto; ele continuaria mais tarde com isso.
Esta espera significava de certeza alguma coisa.
O Alcar parou no momento que ele contava às mães tristes onde viviam os seus pequenos.
Ele voltou a pensar na criança!
Teria que morrer então?
Novamente a felicidade era destruída pela dor, rasgada em pedaços e pulverizada.
A sua felicidade era apenas breve e entrou sofrimento na sua alma.
Não deixou perceber nada à sua esposa, não podia de qualquer maneira.
Todavia, precisava prepará-la e ele iniciou uma conversa sobre as esferas com ela:
“Escute, Anna vou ler para você um trecho sobre a Esfera Infantil, então pode ouvir como é lindo onde vivem os pequenos que faleceram novinhos.
Oh, ali é tão lindo.
Os pequenos vivem em palácios e filho de rei nenhum da Terra possuirá a felicidade que eles têm.
Já lhe falei sobre isso, mas agora foi passado a escrito.
Mas ela não queria ouvir de esfera alguma e sentiu que precisava parar.
Ele se achou um bruto por começar falar sobre isso, agora que ela se encontrava nessa situação.
Todavia, vinha nele aquele impulso forte e novamente começou a prepará-la.
“Quando tiver um tempo, deve ler,” ele disse, aguardando se ela aceitava.
Porém, ela não leu.
Tremia nele quando pensava o que havia sobre a cabeça da mãe jovem.
Numa outra noite, quando sentiu de novo que seria possível, ele começou a contar-lhe das esferas infantis.
“Você precisa ouvir bem,” ele falou a ela.
O André sentiu que era ligado interiormente e contou-lhe o que percebeu numa situação clarividente.
“Os pequenos ali são educados por espíritos superiores.”
Falou com fervor e colocou todas as suas energias no seu discurso terrível.
“Como tudo é magnificamente bonito e lindo, poder vivenciar isso como homem terreno, e quando houver homens que precisam perder os seus pequenos que pode apoiá-los desta maneira.
Que grande graça, você também não acha?”
“Sim,” ela disse de repente, “porém você não quer perder o pequeno?
Podem estar lá muito bem, porém,você não se quer afastar da criança?”
O André sentiu resistência.
“Perder não, isso não,” prosseguiu, “É que a reverá.
Ali crescerá mais e aguardar-lhe-á em beleza radiante quando também, um dia, nós passarmos para o outro lado.
A ligação é eterna e você está ligada com a criança?”
Nesse momento arriscou tudo.
Com violência tentou esconder a sua situação interior e disse a ela:
“Mas nunca se sabe o que é a vontade de Deus e imagine que a criança nos será tirada.”
Ele a sondou para sentir a sua situação interior.
“Deus pega o ser para si e está protegida de muito sofrimento e dor.
Todavia, é um grande apoio para muitas mães.”
“Está bem,” ela disse, “mas não vai querer perder a criança?”
Novamente estava ali onde tinha começado.
Todavia era preciso, ela não precisava saber ainda: desde que ficasse nela uma centelha pequena seria mais tarde um apoio para retomar a vida.
Com receio começou: “Quando se lê como é terrível...” mas não completou, ela o interrompeu, e disse:
“Pelo amor de Deus, pare de falar sempre na morte.
Não quero perder a Gommel nem por mil céus e palácios, quero ficar com a Gommel e agora pare com isso.”
O André se assustou.
Ele foi longe demais.
Gommel, pensou, que palavra é essa?
A sua mulher era uma Vienense e lhe contou que era o seu dialeto e traduzido significava anãozinho.
Era o seu nome predileto para o pequeno que ela carregava.
“Este Verão vou passear com a Gommel,” fez seguir, para ao mesmo tempo, ir ver as roupinhas que já fez para a sua Gommel.
O André pensava, fui longe demais, espero que não sinta o meu medo.
O seu coração partiu e sangrou.
Também só ele possuía esta sabedoria.
Sentiu-se desesperado e o seu medo sempre aumentava, sempre mais intenso.
Será que sentiu alguma coisa?
Quando ela voltou sondou-lhe novamente, porém, agora para sentir se percebeu alguma coisa.
Propôs-se a não tocar mais no assunto.
Disse a ela: “Que passeios faremos este verão!”
Isso captou o interresse dela e ela mesma continuou a falar sobre isso.
O André estava feliz em perceber que não voltou a tocar no assunto anterior.
A sua felicidade estava dentro dela e era a sua sabedoria; a sua sintonização era tão diferente da dele.
Era a posse da vida de que ela não duvidava nem um segundo.
E agora?
Se assustava dele mesmo.
Era cruel falar de uma situação dessas, pois tudo ainda precisava se tornar realidade.
De tudo não poderia acontecer?
Não, ele se considerava estranho, não deveria pensar tanto sobre isso.
Mesmo assim, pensou: Imagine que aceito por absoluto, será que eu poderia esconder ainda dela?
Para isso não seria preciso uma força sobre-humana?
Possuiria ele esta força como homem terreno.
O que era o propósito de tudo isso?
Podia ele o assimilar?
Tentou se deslocar naquela situação, mas sentiu que sucumbiria.
Já há seis meses que estava duvidando se iria aceitar.
Ainda oscilava entre duas situações de sentimento, era sim ou não.
Sim, significaria sofrimento e dor e não a felicidade.
O não, estava mais perto dele e era o mais difícil de segurar.
O sim, a toda hora entrava na sua alma e então sentia uma luta de vida e morte.
Quando o Alcar lhe clarificasse ainda então estaria em dúvida?
De manhã, quando visitava os seus pacientes, ele deixava a sua escrita de tal maneira que ela não deixava de ver, mas sobre isso ela não falava.
Não era alcançável; através daquela parede de felicidade ele não conseguia penetrar.
Estava à volta dela como uma fortaleza, ela não a deixava tirar por nada.
Alguns dia depois, ele teve uma visão magnífica.
Ele se viu deslocado numa instituição onde uma mãe dava à luz a uma criança.
Ele vivenciou tudo.
Ele era um espetador invisível.
Mas mesmo querendo, não conseguia ver a mãe, era como se ela fosse mantida invisível para ele.
Era uma menina que ela pôs no mundo.
Estava morta e ele entendeu que por trás desta visão estava escondida uma grande verdade.
Ele se concentrava muito, mas não conseguiu ver o seu rosto.
Uma menina, pensou, e morta?
Não seria possível?
Interiormente o seu coração partiu, sentiu-se ferido até sangrar.
Até aceitar, o poder invisível voltava a toda hora até ele.
Mas não queria aceitar, ele queria a criança, só aquela vida nova!
Como era terrível ser clarividente para ver e sentir tudo antecipadamente.
Sensibilidade era magnífica, mas para ele, agora era senão sofrimento, uma luta contra a sua felicidade.
Era demais que eles não o deixavam em paz.
Continuamente sentia uma influência misteriosa.
Era o Alcar?
Quem havia de ser, senão ele?
Mas teimava aquele poder invisível e se propôs seriamente a atirar tudo para longe.
Nesse momento chegou a uma luta aberta entre ele e os poderes invisíveis.
Queriam lhe impôr algo, só miséria, só tristeza, vinham até ele com mais nada.
Venha, pensou, eu não vou aceitar, nunca, seja de quem fôr.
Ele não queria ver, ouvir nem sentir, todos os dons paralisaram diante deste problema, não havia como agir.
Ele sentiu claramente que jogava o jogo do gato e rato, e havia algo curioso sobre quem iria vencer.
Era um jogo cruel como, na Terra, poucos jogariam.
Não, nunca tinha pensado nisto; como poderia, como era possível chegar a uma situação dessa?
Todavia, era curioso que ele era ajudado em todo o mais em relação aos seus outros dons.
Em tudo sentia o Alcar e todavia, sabia muito bem que com este problema estava em colisão.
Não ousava pensar.
Não em esferas, nem em saídas do corpo, nem em pintar, em nada.
Fazia o seu trabalho com todo o amor, mas para esta sabedoria não estava alcançável.
Assim, passaram-se mais alguns dias até que, de repente, a Anna lhe perguntava : “O que você acha que será?”
O quê será?
Um punhal o atingiu, é que, de repente, ficou ligado com a sua visão.
Emocionou-lhe profundamente, cortou o seu coração em pedaços.
Ele respondeu que ainda não sabia, mas a sua luta recomeçou.
Novamente pensou na sua visão.
Ele tentou-se ligar, mesmo assim, para de novo ver o acontecimento.
Mas esforçando-se muito, não via nada, não era possível uma ligação.
E novamente atirou para longe e não mais pensou nisso.
Todavia, estava convencido que jogava um jogo terrível.
Era uma comédia como nunca jogara e ele mesmo era o ator principal.
Numa noite teve noticia do seu líder que ele queria desenhar.
Para o pequeno, Alcar acrescentou, o que lhe deixou feliz.
Está vendo, pensou, eu me preocupo por nada.
Tudo está lindo.
Ela se sente bem, no Céu, nenhuma nuvem que escurece a luz.
O Alcar até desenha.
Mais não desejaria nem podia querer.
Sua esposa estava feliz que no Além mostravam interesse pela sua Gommel.
O Alcar lhe disse que o desenho seria pendurado acima da cama da criança ou acima da cama deles, e quando lhe comunicou, ela disse: “Não, se fôr para a Gommel também precisa ser pendurado acima de sua cama.”
O André, novamente, ficou com matéria nova para pensar.
Porque assim, justo acima da cama da criança ou acima da cama deles?
Isso significa também algo diferente e era a intenção que não fosse pendurado acima da cama da criança?
Porém, não tinha muito tempo para pensar, porque o Alcar o levou em transe e o seu interesse estava afinado a isso.
Era um desenho lindo.
A primeira vez que o Alcar o trabalhava já estava magnífico.
Era uma estrela de sete pontas e no meio uma cruz.
Depois, o Alcar o parou por alguns dias e ele teve tempo para pensar.
A cruz que estava desenhada nela não o agradou.
Esta não era uma cruz como o Alcar sempre desenhava nas suas peças, com o qual mostrava fé e amor.
A estrela era Belém, o nascimento, mas para que servia aquela cruz?
Nunca desenhava cruzes assim.
Sete pontas, pensou, isso significa o Além.
Havia sete esferas em sintonização espiritual.
O que o Alcar preendeu dizer com este desenho?
Pela enésima vez se revoltou e sentiu que o seu jogo começara de novo.
O Alcar, o seu adversário?
Não, se tornou uma loucura, isto foi longe demais.
Se pudesse consertar isso!
Sentiu que desenhava o seu próprio sofrimento e dor.
Primeiro assentou a sua miséria, depois desenhava agora mas reconheceu que não acreditava.
Ele desenhava a morte da sua filha; oh, como era difícil para ele aceitar.
Ele viu o desenho envolta duma lista de luto.
Ali, havia a morte e ele sentiu ela.
Disso não conseguia se soltar, seu amigo invisível o venceu.
Mas era de loucos.
Ainda vivo na Terra, ainda posso me soltar de tudo, pensou, quem me iria impedir?
Havia nele um sentimento que se tornou cada vez mais forte e que lhe levava à rebeldia que o instigava a não desenhar.
“Não desenhe,” ouviu dizer muito claro, “você desenha a morte da sua própria criança.
Mas que pai!”
Ele ouvira rir.
“Não desenhe!”
Ouviu nada além destas palavras.
Assim foi deitar e ficou horas acordado.
Sempre pensou naquela voz interior que o instigava a ir contra o seu líder.
Estas eram influências más que ele tinha atraído pela a sua recusa.
Rebelde, caiu no sono e quando de manhã acordou na mesma situação, a primeira coisa que fez foi rasgar o desenho.
Quando ficou com os pedaços nas mãos, sentiu um tremor gelado.
Aconteceu, já não podia mudar nada.
À tarde sentiu um remorso tremendo.
O que fez?
Destruiu o trabalho do Alcar e o presente para ele e ela e para o pequeno, assim também destruiu o seu amor.
Ele sentiu o Alcar mas não ousava olhar para ele.
Talvez ele entendesse a sua luta terrível.
Também ele era apenas um homem com muitas falhas.
Todavia foi cruel da parte dele: ele destruiu o amor do seu filho.
Se achava agora um pai de amor.
Poderia ele educar a criança?
Não estava nem no mundo e o pai já destruía a felicidade da criança.
Ele, que queria amar toda a vida, mas tirou o amor a três pessoas.
Não era terrível?
Podia um pai desenhar a morte da sua própria criança?
Não sabia de nada, mas, afinal se colocou à disposição?
Isso seria humano?
Isso era amor?
Era grosso demais dele de se colocar à disposição.
O Alcar queria isso?
Um espírito de amor?
Não, sentiu que não fez errado em rasgar o desenho.
Ele recusou-se a admitir.
Mas, numa noite, novamente, Alcar o levou em transe, enquanto estava lendo o seu jornal, e desenhou através dele.
Ele não mandava em nada, nada mesmo.
Estava a ser desenhado.
Nesse momento ficou pronto de vez e magnífico.
Debaixo da estrela havia um ramo de vida.
Um desenho para a Gommel com que a sua esposa estava muito feliz.
O Alcar lhe disse algumas palavras que eram assim: “Agora, isso é para o pequenino.”
Agora que viu o desenho pronto também achou lindo.
Depois deste desenho, novamente Alcar o levou em transe e fez outro desenho simbólico.
Também agora o Alcar disse apenas algumas palavras: “Desenhei uma situação de alma”.
Era uma peça muito curiosa.
Olhou muito tempo, mas não conseguiu encontrar um esclarecimento e guardou.
Nesse momento aguardava as coisas que viessem.
Todavia, não perdeu toda a esperança que o seu filho nasceria vivo.
Nele estava calmo, a sua luta diminuía.
O Alcar não lhe disse nada, e pensou que o seu líder o perdoasse que o havia contrariado e não havia entendido o seu amor.
Novamente foi tomado numa noite.
Nele surgiu tão espontâneo que depois estremeceu disso.
De repente sentiu que o seu braço direito foi tomado.
Ué, pensou, o que é isso, o que significa isso, agora?
Ultimamente não o deixavam mais em paz.
Todavia, pegou lápis e papel e se entregou.
Estranho, quem foi que o tomou?
Foi escrito somente 6 x 7 - 12 x 1, 6 x 7 - 12 x 1, assim no papel inteiro.
Não entendeu nada e jogou no lixo.
A sua esposa perguntou o que estava fazendo e ele lhe contou que o influenciaram, mas que eram números banais.
Devagar o tempo passava.
Numa tarde veio a visitá-los um amigo que era muito sensitivo.
André lhe mostrou o desenho e sondava o que ele sentiria.
Este, de repente, tirou o chapéu e o André sentiu que interiormente estremecia.
Do quê, ele não sabia, mas era uma ação curiosa o que ele executou.
O André entendeu totalmente.
Do seu lado ele viu o seu líder que o influenciava.
Era uma influência repentina que do Além só podiam estabelecer em homens sensitivos.
Ele era alcançável.
Para ele era a derradeira prova, agora podia aceitar.
No mesmo instante ele viu com clareza o seu líder na sua presença para lhe mostrar por meio de outra pessoa.
O seu amigo não lembrava nada da sua ação inconsciente, porém sentia sim, o que lhe contou mais tarde, que esteve sob influência.
Achou o desenho curioso e um presente valioso.
Nesse momento o André sentiu surgir nele uma tristeza profunda.
Resistiu durante sete meses.
Lutou pela sua felicidade contra o ser invisível que queria convencê-lo de uma realidade que ele não queria aceitar.
É evidente que haviam outros que lutariam até eles esgotarem as suas últimas forças, todavia esta era uma luta muita curiosa.
O ser invisível, que na Terra julgavam morto, tinha o vencido.
A sua felicidade estava destruída, o sofrimento era o vencedor e o “sim” venceu o “não” numa luta devagar mas já calculada.
Neste momento curvou profundamente a sua cabeça cansada para o vencedor.
Recebera as últimas provas do Alcar.
Quando ficou sozinho, se ajoelhou para pedir perdão, por muito tempo.
A sua resistência obstinada tinha sida quebrada para sempre.
Ele se entregou docilmente e aguardou pelo que viesse a acontecer.
Que tudo terminasse já, pois ele ansiava pela verdade.
Antes da sua mulher sair chegou uma amiga de visita para se despedir.
Também ela sentia a morte no desenho.
Porém, não lhe dizia mais nada, só pensava na sua mulher e como seria grande a sua deceção.
A deceção viria, havia de pousar sobre a sua cabeça.
Sofrimento, dor, só desgosto viu ele chegar ao longe.
Iria esmagá-la, não era possível que ela pudesse aguentar, também a sua fortaleza seria destruída.
Finalmente chegou o momento e na manhã de cinco de Janeiro, ele a levou até à instituição.
No mesmo instante, sentiu surgir nele dores curiosas.
Era algo como a maré, que subia e descia, repetidamente.
Ele contou à esposa e também ela sentia uma dor igual.
O Alcar disse que o ligou a ela e que também ele e um médico espiritual iriam ajudá-la e apoiá-la.
À distância deveria atuar, para isso ele era ligado e sentia as dores, porque estava em união com ela.
Quando chegou a casa quase não se conseguia curvar.
Era milagroso sentir as suas dores à distância.
Mas foi assim mesmo.
Chegou o dia seis de Janeiro.
De manhã, às onze horas, a criança ainda não tinha nascido.
Ele já tinha ligado por telefone três vezes e lhe disseram para não ligar antes da uma hora.
Bem, o André regressou a casa.
Sentado no seu quarto ouvia a esposa chamar; pensava enlouquecer.
Que tortura ouvir e sentir tudo à distância.
Todavia não havia nada que pudesse fazer e precisava aguardar.
Não, preferiu cem vezes ele mesmo passar por tudo do que esta situação.
Foi terrível ouvi-la.
Com veemência queria pensar em outra coisa, pelo que a vida se tornasse mais leve para ele, mas mais violência retornava a ele.
Chegou meio dia, ainda precisava aguardar mais uma hora.
Rezou intensamente para que as dores da esposa não fossem tão violentas.
Tudo era tão inverosímil.
O clamor da esposa por ajuda passava-lhe pela alma.
O tempo passava devagar e já era meio dia e meia.
A moça que cuidava da casa o chamou para comer.
Assim que sentou na mesa sentia de repente que as dores se dissolveram.
Aonde foram?
Já as dores faziam parte dele.
Isso significava alguma coisa.
Sentia-se totalmente livre.
Concentrou-se na sua esposa e a viu diante dele.
A criança, uma menina, morta.
Nasceu ao meio-dia e meia.
Saiu pela porta fora a voar , telefonou e lhe disseram que viesse no mesmo instante.
Aí está, pensou, errado, está tudo errado.
Rapidamente chegou à instituição.
Finalmente a verdade, que eles lhe quiseram dar no segundo mês, mas que ele não queria aceitar.
O médico o aguardava.
“Como está a minha mulher, doutor?”, perguntou o André antes que ele pudesse dizer qualquer coisa.
“Bem,” foi a resposta.
“E a menina está morta, doutor?”
“Contaram-lhe alguma coisa?”
“Não, isso não, já sei há sete meses.”
E num relance passou-lhe à sua frente a sua luta.
“Posso visitá-la?”
“Pode ir tranquilo” respondeu o médico e o olhou como se tivesse falado uma língua que nunca ouvira antes.
Estranho, muito estranho achou ele do médico.
Sentia-se extremamente calmo e queria agora apoiá-la.
Um nó no cordão umbilical significou o fim da criança.
Raramente aconteciam estas situações.
Ficou em volta do pescoço, porém a criança atravessou pelo nó e fechou assim a sua própria vida.
Ele correu para o salão.
Ali estava ela, sem a Gommel.
O seu anãozinho partiu.
A sua batalha tinha lutado, agora começara a dela.
Também ela estava impotente.
A sua felicidade fora apenas um sonho, uma visão, mais nada.
Ela sentiu a felicidade de poder carregar uma vida nova, perto debaixo do coração, nesse momento esta felicidade estava destruída, alterada em sofrimento e dor.
Ele a confortou e viu passar por ele um filme.
Uma parte do filme da vida agora lhe fora mostrado, assim tão humano, tão trágico e profundo como raramente os filmes da vida serão.
Viu passar o momento que falou com ela sobre a Esfera Infantil.
“Ela iria passear com a sua Gommel e não queria trocá-la por tesouro algum.”
O Homem ponderava, mas é Deus que dispõe.
Neste momento eles deveriam prosseguir a viver, sem a Gommel.
Ele contou à sua esposa da sua luta terrível, que não queria aceitar, até que fora convencido há alguns dias antes deste final.
Isso a confortou e ele sentiu que a fortificava.
“Lutei durante sete meses, manchei o amor do Alcar.
Pedir-lhe-ei por perdão e ele perdoar-me-á, porque ele sabe que sou um mero ser humano.
Se entregue e se põe nas mãos sagradas de Deus.”
Ela se conformou.
“A Gommel era boa demais para este mundo.
Lá, de que lhe falei, ali ela vive agora e está feliz.
Ela não veria nascer a luz terrena.”
O André era médium, médium em tudo.
Tudo isso significava que escrevia para os outros, convencia-os de um prosseguimento e que também ele o vivenciasse naquele significado profundo.
Vivenciaria tudo, nada, nada ser-lhe-ia entregue de graça.
Isso era para servir poderes superiores, era a mediunidade psíquica.
Ele tinha uma tarefa a cumprir levantando para a Humanidade a ponta do véu.
Este cálice deveriam e precisavam esvaziar até à última gota.
Ele entendeu e sentiu tudo.
A sua mediunidade ele pagava à custa da sua própria felicidade e da esposa.
Todavia, agora estava feliz em poder trabalhar para eles, sim, estava sincero, apesar de tudo ele estava feliz.
Logo a sua esposa se recuperou e voltou para casa.
O André ligou de telefone para alguém emoldurar o seu desenho.
No mesmo instante que ele quis falar, ouviu o Alcar dizer: “O outro também, André.”
“O quê?
Qual outro? perguntou em si mesmo.
“Este,” ouviu e viu numa visão o outro desenho.
Ele pousou o telefone no gancho e não podia mais, sentiu se partido ao receber tanto amor.
Era o desenho que representou a situação da alma da criança.
Dois desenhos ao mesmo tempo, era magnífico.
O primeiro significava a morte e o outro, a passagem e a vida eterna.
Como era possível dar tantas provas de prosseguimento aos homens que não querem acreditar.
Chorou, deixou correr as lágrimas e ao seu lado sentiu a presença do seu grande e carinhoso Alcar, o seu líder que, apesar de tudo, não estava bravo com ele, que era amor em tudo, que faria o conhecer a Deus.
Ele era verdadeiro, suave e grande.
Ele impunha respeito, nada além de respeito.
Poderoso era o acontecimento.
Os mortos viviam e os vivos estavam mortos.
Sentiu esta verdade.
Os mortos carregavam uma sabedoria que era poderosa demais para os vivos e que não era aceite por eles.
Os mortos sabiam de tudo, porém não querem aceitar a sua verdade.
Como era grande o problema.
Quantas provas de prosseguimento já tinha recebido até agora?
A morte não era intelecto?
Sentiam esta grande força?
A sua luta não teria sido necessário, se tivesse logo aceite tudo.
Mas tê-lo-ia conseguido aguentar?
Poderia ele ter escondido tudo?
Quem é que poderia?
Foi alguma surpresa que ele se revoltou?
Não é verdade que ainda somos homens, homenzinhos com um coração pequeno, com tão pouco amor?
Ele sentiu as suas faltas e por isso ficou triste, sentira sofrimento e dor, porque estava revoltado.
Porém, se ele se tivesse entregue em tudo, seria diferente.
Claramente estava diante dele o problema todo, como um livro aberto: Primeiro, o Alcar lhe fez sentir; mas ele não acreditou.
O Alcar retornou e escreveu para apoiar a sua esposa e todas as outras mães.
Novamente atirou tudo longe dele e se libertou desta verdade.
Ele só queria uma coisa, a criança, esta ele queria tomar posse.
Depois a sua visão, também isso entendeu por inteiro.
Ele não podia ver a sua própria esposa, mas ele deveria ter se preparado para tudo, tudo também teria chegado até ele numa outra situação e também teria recebido força para tal.
Mas não, atirou tudo bem longe e nem acreditou no que viu.
Como um homem podia se lograr tanto?
Recebeu uma lição de vida, tão imensamente profunda e terrível que foi suficiente para toda a sua vida terrena.
Depois o Alcar desenhou.
Não quis acreditar, mas todavia, desenhou a morte da sua filha.
Só agora tomou conta como foram grandes, como foram poderosas estas provas de prosseguimento eterno.
Quem desenhou através dele?
Foram vibrações?
Vibrações que não quis receber?
Na Terra conheciam vibrações intelectuais que podiam desenhar e que sabiam de antemão que nasceria uma criança, mas que esta chegaria como nado-morto ao mundo?
A ciência conhecia estas vibrações?
Nunca ouvira falar que existiam vibrações vivas fora do homem que possuem um mesmo raciocínio-intelecto, como o que Deus deu só ao homem como dádiva sagrada.
A mais divina dádiva ao homem!
Havia mais planetas conhecidos na Terra com os quais estavam ligados?
De onde vinham as vibrações intelectuais?
Donde?
Você sabe?
Diga me, onde vivem vibrações intelectuais fora da sintonização humana.
Ciência, curve também você a cabeça diante desta realidade.
Ou isto é a subconsciência?
Como poderia agir uma subconsciência, que em consciência não quer aceitar?
É o mesmo que o já citado acima.
Você conhece uma subconsciência que não quer aceitar mas que recebe à mesma?
Pode alcançar um homem que não deseja ser alcançado?
Pode um homem concretizar algo se não o quiser, nem quiser receber?
Nunca tinha ouvido falar que estes fenômenos pudessem conter a verdade.
Não, ele rasgou tudo que o seu subconsciente lhe queria dar, o que estas vibrações lhe quiseram contar.
Não quis saber nada do seu subconsciente e das vibrações.
Mas como eram grandes, como ambos eram poderosos em amor.
Mesmo assim, o seu subconsciente era mais forte que as suas forças conscientes na vida terrena.
Na sua consciência não conseguiu retroceder o seu subconsciente, esse retornou e desenhou.
Um ser humano não tinha vontade própria?
E seria possível para o seu subconsciente de parar a sua vida consciente?
Havia tal conhecimento na ciência?
Conheciam estas forças?
Ele desconhecia estas forças, mas conhecia uma outra verdade uma que é santa e bela, sendo que os mortos desenhavam através dele, que eram nada mais que aqueles que viveram na Terra, mas abandonaram o seu corpo físico.
Era tão simples e grandioso para ficar contente com isso.
Não é uma grande felicidade poder e conseguir exclamar : homem viveremos adiante quando abandonaremos a nossa veste material, a nossa vida é eterna.
Um ser que já deixou a Terra há muito tempo, desenhava e sabia que a sua criança iria nascer morta.
Que poder, que poder pensante, tanto maior a sua sabedoria que a nossa.
O Homem se curvará pelo seu saber.
Aquele, que um dia vivia na Terra e para um vivo desenhava a passagem da sua criança.
Mas, ao mesmo tempo, desenhou a vida eterna.
Isso não é um consolo?
Não lhe diz nada?
Não é imponente quando sente isso?
Não se precisa curvar para eles?
Isso é trabalho do Diabo?
Aquele que vivia atrás do véu, queria convencê-lo tanto, até ele aceitar.
Ele aceitou e aconteceu.
O André sentiu surgir nele uma força imensa.
Para isso ele dava a sua vida, para isso sacrificava tudo.
Para poder convencer o Homem na Terra, para dissolver o sofrimento de milhares, para isso queria lutar e agora agradeceu a Deus que pôde esvaziar o seu cálice até à última gota.
Agora sabendo deixou de ser uma luta e também a sua esposa se conformara com esta mensagem sagrada e ficou em paz.
Ambos sentiam força, dada pelos que viviam por trás do véu.
Para eles dava a sua vida; era para todos os homens, para mudar o seu sofrimento em felicidade.
Homem na Terra, os seus mortos vêem, eles ouvem e estão com vocês para ajudá-los, mas os vivos na Terra estão espiritualmente cegos e surdos.
Infelizmente, é a verdade, também o André a vivenciou apesar de ver, sentir e ouvir.
Mas não queria ver nem queria aceitar.
Isso é espiritismo, espiritismo sagrado e nenhuma obra do diabo.
Não é dança de mesa, mas conhecimento, conhecimento puro, que os nossos mortos vivem e nos apoiam em tudo e nos querem ajudar.
Alguns dias depois, ouviu o seu líder falar que lhe disse: “Cá estou novamente, André, meu querido, estamos juntos novamente.”
O André chorou, o Alcar era inesgotável no amor.
Aqueceu a sua alma que precisava tanto deste calor.
“Escute, André: O Homem pondera, mas é Deus que dispõe.
Isto o esclareceu?
O meu filho entende tudo?
A vida vale a pena ser vivida, apesar de parecer tão difícil?
O Homem pondera e pede: Pai, afaste de mim este cálice, mas Deus diz: venha meu filho, é para o seu bem, e o Homem prossegue o seu caminho, para que é preciso forçá-lo.
Como poderá ver agora de novo.
O Homem pondera e se questiona: farei dum jeito ou doutro?
Qual o caminho que eu seguirei?
Este caminho ou aquele outro?
Para muitos homens há muitos caminhos abertos.
Mas qual o caminho a escolher?
Da esquerda ou da direita?
Não sabem, porque o Caminho de Deus é tão difícil de encontrar.
Um parece tão fácil, tão largo e não se podem perder tão facilmente.
Porém, o Homem não sente nem vê a sua própria perdição, por que daquele caminho deslizará.
E então o Homem pondera, preciso de ir neste ou naquele outro caminho.
Este, diante do qual estamos, é tão difícil e por isso seguem um caminho que os leva direto à escuridão.
E assim o Homem continua suspirando e se questiona : mas então, qual o caminho – e procura todos os caminhos que puder tomar.
Ele pesa e pondera, mas é Deus que dispõe.
Deus lhe mostra o caminho, como também a você foi indicado.
Mas, embora o Homem não queira seguir este, um dia caminhará nele, apesar de tudo.
E resistem até ao último momento e continuam a ponderar e pesar, mesmo assim, Deus leva todos eles pelo Seu caminho, se for preciso de joelhos nus, porque é o único caminho para todos os homens.
É o caminho que leva a Ele e significa o Seu caminho.
Você ponderou e pesou muito, meu filho.
Andou muitos caminhos, mas Deus o levou ao Seu caminho, aquele que todos temos que tomar e ainda teremos que percorrer.
Porque é a vontade de Deus e todos os caminhos levarão ao Seu caminho; então o Homem alcançará o seu Deus.
Depois de vaguear muito, depois de muitos pecados, depois de muitos passos em falso, o Homem alcança Deus.
Deus dispôs e finalmente todos terão que aceitar.
É tão fácil assim encontrar o caminho de Deus?
Não, é muito difícil.
E ao mesmo tempo, é tão simples de encontrar o caminho de Deus e poderia ser tão fácil, porque o caminho de Deus é um caminho de luz; mas os homens não querem ver o caminho de Deus.
Apalpam no escuro e tapam com as suas mãos os seus olhos para impedir que vejam a luz de Deus.
Às vezes fazem inconscientemente, porém, muitas vezes, conscientemente e então se fecham de propósito para o caminho que devem tomar, vagueam e erram até se arrependerem.
Até que, um dia, o amor de Deus fale nos seus corações e reconhecem que Deus é um Pai de amor.
Então afastarão as suas mãos dos olhos e verão a luz de Deus em toda a sua glória.
Então o Homem se curva profundamente, muito profundo e suplica por perdão por todos os seus caminhos errados.
Então, agradecem a Deus, o seu Pai, que Ele lhes mostrara o caminho.
E só então podem dizer: Deus, O Senhor disponha, porque não pode permitir que a Sua centelha de amor viva na escuridão profunda e em pecado.
André, deixemo-nos ponderar e pesar na vida, querer o Bem, então, também será mais fácil de carregar.
De que Deus dispõe, em todo o Seu grande amor por nós, é bem feito.
Um dia viremos todos nós, tanto você como nós, diante do nosso Pai Divino.
Então estaremos diante Dele em toda nossa nudez e não haverá lugarzinho nenhum onde não brilha o amor de Deus.
Não haverá mais nada que Deus não sente.
Embora que na Terra os homens vão um contra o outro e podem esconder ali os seus sentimentos mais profundos, - se chegam diante do Seu Pai sagrado, não há mais lugarzinho algum, nada que Ele não vê, não viu e então caminharão no Seu caminho.
Reze a Deus, meu menino, reze muito, de coração e de alma, por muita luz, para poder ajudar os outros.
Reze para fazer iluminar os seus pecados, para que você mesmo possa ver, sempre verá, para você mesmo os combater.
Reze, para que sempre possa ver a luz, a luz santa de Deus, diante de você, manter diante de você, para ver o Seu caminho, para que lhe possa ser dada a verdade.
E quando, um dia, conhecer a luz em plena força e pôde observar, então você e todos os outros não vão querer ver nenhuma outra luz.
Amém.
Diga à Anna que nós cuidamos da sua pequena e que a sua criança vive.
Para a eternidade, eternamente.
Diga também, se quiser revê-la mais tarde, se precisa sintonizar neste ser, o que só será possível desenvolvendo o amor no espírito.
Deus se dispôs sobre esta vida nova.
O meu amor, a minha fidelidade está sempre com você, onde estiver; onde for, receberá amor.
Neste momento explicar-lhe-ei diferentes situações.
Em primeiro lugar, eu sabia que a criança vinha, mas também que iria retornar.
Fi-lo sentir antes e você, André, deveria ter aceite.
Com mais clareza não lhe pude dar, porque tudo você não teria suportado.
Aquele pouco de esperança deixou você viver.
A sua luta não seria luta se tivesse sentido esta sabedoria dentro de você.
Todavia você cumpriu porque Deus assim quis.
A vida nova veio para vivenciar o processo de conscientização na matéria.
Antes que nascesse, retornaria.
Não veria o sol nascer.
É uma lei que conhecemos neste lado e do que lhe contei na nossa última viagem.
Na vida havia esta força que na Terra não se pode sondar, onde o Homem não sabe de nada.
A vida se fechou para a vida e retornou.
Na sua subconsciência havia esta força.
Sondem, homens, vocês não sentem a profundeza deste acontecimento!
Clamo isso para a ciência, meu filho.
Nisso não havia nada que pudesse mudar.
Foi-me comunicado pelos espíritos superiores, pelo que fiz os meus cálculos.
Quando você não aceitou, construí as minhas provas da maneira que seria uma força de provas.
Se tivesse aceite, não seria possível para mim.
Eu, meu menino, coloquei estas forças contrárias em você.
Foi para mim, para ver o que meu instrumento faria.
Você esvaziaria o cálice até ao fundo, pelo que, mais tarde, me ficaria grato.
Tudo deve estar claro para você?
Você combateu uma luta interior que não terá mais que combater.
Por exigir a você todas as suas forças, fiz desta situação um todo poderoso, para que você possa convencer a Humanidade.
Todas as provas que lhe dei, são para explicar a vida após a morte.
André, quanto mais fundo é o sofrimento dos homens, tanto maior será a sua felicidade.
Eu é que joguei como gato e rato, não você.
Eu, meu menino, exigi tudo do meu instrumento.
Pense bem sobre tudo, apoiar-lhe-á na sua vida terrena.
Você será feliz em poder dar à Humanidade.
O Homem recebe felicidade pura, imaculada graças ao seu sofrimento, pelo sofrimento dela.
É o conhecimento que os seus entes queridos vivem em felicidade e amor para sempre.
Agora posso mostrar, porque é a vontade de Deus que vivemos eternamente.
Por isso clamo à humanidade deste lado: Aceitem estas provas, elas são verdadeiras e puras.
Eu, Alcar, que vivia centenas de anos atrás na Terra, retornei a vocês e desenhei o sofrimento e a dor num acontecimento humano.
Estou grato a Deus que me foi dada a graça de poder convencer vocês da nossa vida.
Como é grande a nossa felicidade para podermos fazer uso de instrumentos terrenos para poder passar a nossa verdade.
Irmão, nós vivemos.
Todos nós o aguardamos e preparamos tudo para você, para depois, recebermos você neste lado.
Por isso clamo-lhes, avancem também vocês em milhares e sigam a sua peregrinação como os que vivem do nosso lado e não sabem que morreram na Terra.
Sigam o caminho do amor para poder alcançar a terra do amor.
Os seus entes queridos vivem, todos eles os aguardam.
Sintonizem-se neles em amor para que estejam vendo neste lado.
A vida é uma só realidade.
Neste momento, esclarecer-lhe-ei o desenho, André.
O primeiro representa a morte.
A estrela de sete pontas: o nascimento e a vida ao nosso lado.
A cruz significa o fim na Terra, assim também o ramo de vida quebrado, o que já sentiu com clareza.
O segundo desenho representa um ciclo de alma, ou a vida eterna.
Acima se vê uma ave-mãe no bico ela carrega uma cruz em forma de uma espada.
Significa amor, por sofrimento e dor.
À direita em cima, a cria que retorna à mãe em paz e felicidade e lhe traz paz e felicidade, só a verdade eterna.
Ambas são ligadas pelo coração de amor.
A cruz aponta ao seu coração; para o Homem, sofrimento maior não é pensável do que a mãe ter que entregar a sua posse.
O círculo pequeno é a sintonização no espírito do ser.
Novamente é ligado pelo amor.
Você vê a cruz espiritual, a força do seu amor.
Desta situação a vida desceu à Terra.
Uma flecha aponta desde o espírito à Terra; assim o pedestal é a matéria onde ela vivenciaria a consciencialização.
Depois uma flecha, que ela retornaria nesta vida.
O grande círculo significa o ciclo da alma e os diferentes signos são situações de vida que o ser percorreu, o que eu poderia chamar de reencarnação.
Unicamente para poder vivenciar este processo na Terra, a reencarnação é útil.
Quando ele tiver completado o seu ciclo, o ser retornará ao divino.
Tudo que recebeu, André, é a verdade sagrada.
Se eu convencerei alguns, muitos serão felizes comigo.
Ainda não estou pronto e você vivenciará muitas outras situações que lhe esclarecerei em outras viagens.
Amigos, vocês podem ponderar e pesar, porém é Deus que dispõe sobre todos os Seus filhos.
Deus dispõe das suas vidas, porque a vida é Deus.
 
Felicidade eterna lhes aguarda.
E você, meu filho, e também a sua esposa, agradeço pelo seu amor.
Tire força desta fonte de sabedoria, verdade e luz.
Um dia, ela reencontrará a sua felicidade em beleza radiante, em felicidade eterna.
 
Deus dá a cada um a cruz conforme a sua força.
 
Neste momento partirei.
O seu Alcar.”
 
O André prossegue, para convencer os homens e usará em pureza a sua dádiva de Deus para seguir o caminho de Alcar, o caminho para a luz.